O desemprego deu salto no ano passado, afirma o IBGE, mas o mercado de trabalho está se recuperando de maneira rápida. Recuperação beneficia mais quem tem formação, especialização e nível superior.

          Nos últimos meses, os recrutadores tiveram uma surpresa. “O mercado atualmente está muito melhor do que a gente esperava. A gente tem um sentimento que até meados desse ano o mercado volte a estar igual ao que era antes da crise”, afirmou a consultora de recolocação Cássia Lourenci. Quem tem mais qualificação consegue emprego mais rápido. “Em geral a gente demora de 30 a 60 dias. Estão contratando em 15”, observou a consultora.

         Os patrões valorizam mais os trabalhadores com nível superior. Para se ter uma ideia: o salário de quem fez faculdade teve um aumento real de 36,5% nos últimos sete anos. Em 2009, na média, ficou em cerca de R$ 3.400. Demitido durante a crise, Marco Aurélio aproveitou o tempo livre para se aprimorar. Com currículo atualizado, recebeu só no último mês três propostas de emprego. Na segunda-feira, ele volta ao trabalho. “A gente precisa utilizar a crise em nosso favor”, Marco Aurélio.

          Os setores mais dispostos a contratar profissionais especializados são: saúde, agronegócio, tecnologia da informação e bebidas. A construção civil procura, além de engenheiros, operadores de máquinas de última geração. Duzentas mil vagas devem ser criadas este ano. Outro setor que precisa urgentemente de mão-de-obra qualificada é o de turismo. Agências de viagem e hotéis já se preparam para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Querem chegar lá com a equipe montada e afinada. Para isso, esses anos de experiência são fundamentais. Este economista diz que para melhorar a qualidade do trabalho, o profissional não pode se acomodar: o reflexo vem no contracheque. “A diferença de renda per capta entre o Brasil e os países desenvolvidos deve-se, em grande parte, ao fato de que lá eles estudam muito e a mão-de-obra é qualificada. No Brasil estuda relativamente menos e tem um problema de qualificação, portanto, tem trabalhadores menos produtivos”, declarou o economista Celso Toledo.

          Taxa de desemprego fica em 6,8%, IBGE divulgou nesta quinta-feira a pesquisa mensal de emprego. A taxa de desocupação em dezembro ficou em 6,8%. Essa é a menor desde que a pesquisa começou a ser feita. Veja a evolução dos números: em março houve um pico de 9%. De lá para cá, vem caindo até chegar ao mesmo nível de dezembro de 2008, antes da crise. Já a média de desocupação no ano foi de 8,1%, pouco maior do que no ano passado. Vamos a outros números da pesquisa do IBGE. O percentual de trabalhadores com carteira assinada aumentou de 2003 para cá. Em 2009, chegou a 54%. A participação das mulheres no mercado de trabalho também aumentou: passou de 43% em 2003 para 45% em 2009. A participação no mercado do trabalhador com 11 anos ou mais de escolaridade aumentou. Em 2009, chegou a 57%. Em 2003, era de menos de 47%.

 

Por: Walace Lara, Fonte: Jornal da Globo